ATUAÇÃO /Notícias


Impacto Ambiental e Evolução: Quando as Pandemias podem ser evitadas


Nos últimos meses, temos sido bombardeados com falsas informações do tipo: você sabia que a China criou um vírus mortal para dominar o mundo? Mas será que isso é possível? É assim que novos vírus surgem?

 

Antes de falar sobre isso, quero voltar com pouquinho na história dos Homo sapiens nesse planeta azul.

Para começar essa história, precisamos lembrar de algo básico: o planeta Terra possui uma infinidade de organismos vivos que vão desde microrganismos (a maioria dos seus inquilinos) até os primatas superiores, entre os quais encontramos os Hominídeos. Todas essas populações, passando por bactérias e vírus, amebas e morcegos, estão em uma espécie de “equilíbrio relativo” com o ambiente, equilíbrio esse, formado ao longo de milhões de anos de processo evolutivo.

 

Mas como esse equilíbrio se formou? Como cada espécie da terra “sabe” o que deve fazer dentro do ecossistema?

A resposta a essa pergunta é uma vitória da capacidade cognitiva do Homo sapiens, que, ao longo de séculos, acumulou o esforço de mentes brilhantes que se esforçaram para entender os mecanismos da natureza, culminando em uma das mais elegantes teorias da história do conhecimento humano – A TEORIA DA EVOLUÇÃO, do inglês Charles Darwin – mais tarde aprimorada com os conhecimentos da genética moderna.

E é por isso que sabemos (com bastante certeza) que todo ser vivo possui um “manual de instrução” que chamamos de material genético, e que é esse manual que diz qual a cor dos seus olhos, por quem você vai se apaixonar, ou como um vírus deve fazer para entrar em uma célula, e em quais células ele deve entrar.

 

E agora chegamos ao problema: esse manual pode sofrer pequenas (ou grandes) alterações, isso depende de um mecanismo importante chamado MUTAÇÕES. Mas o que causa essas mutações?

Lembra aquele seu conhecido que descobriu que estava com câncer de pele? Esse é um exemplo de caso em que as mutações causam um efeito negativo, devido a grande exposição a radiação solar (que carrega muita energia), o DNA das células da pele é atingido, o que causa um defeito de divisão, e temos um novo caso de câncer.

 

Entendi, mas o que evita então que essas mutações aconteçam sem parar?

 

Não há como evitar as mutações, mas um ambiente estável, equilibrado, preservado, diminui a frequência e intensidade das mesmas. Tente imaginar os milhares de organismos que vivem em uma floresta. Temos plantas, uma infinidade de insetos, animas e etc. O problema é que quanto mais desmatamos essa floresta, substituímos a vegetação por plantações, usamos agrotóxicos e pesticidas e etc., mais aumentamos as taxas de mutação que microrganismos como vírus e bactérias sofrem. Com tudo isso, e a proximidade do homem aos animais silvestres que são reservatórios desses organismos, esses parasitas “aprendem”, devido as mutações, a entrar em novas células, acham novos hospedeiros e voilá, temos novas doenças, muitas delas mortais.

 

Vai aqui alguns exemplos disso:

 

AIDS - A transmissão para o ser humano, tanto do vírus HIV1 como do HIV2, aconteceu em tribos da África central, no sudeste de Camarões. Nesses locais, ocorre extensa exploração ambiental. Essas tribos caçavam ou domesticavam chimpanzés e macacos-verdes”. Os primeiros grandes surtos aconteceram no início da década de 80, mas acredita-se que o vírus é mais antigo.

 

FEBRE EBOLA – O vírus ebola surgiu na região do Rio Ebola, onde hoje é a República Democrática do Congo, região devastada pela guerra e exploração ambiental. Foi descoberto primeiramente em 1976, sendo um exemplo claro de como as mutações favorecem à travessia entre hospedeiros, uma vez que o vírus saltou dos morcegos frugívoros e primatas das florestas da África ocidental para os humanos e iniciou uma pandemia.

 

 

COVID-19 – Apesar de os estudos e investigações ainda estarem em andamento, a OMS considera a passagem do novo coronavírus de animal para ser humano por meio de uma terceira espécie como a hipótese “mais provável” da origem da Covid-19. Foi o que disseram em uma coletiva de imprensa. No final da sua missão, os especialistas da equipe internacional da OMS, que, durante quase quatro semanas, fizeram investigações na cidade onde foram detectados os primeiros casos da doença para identificar como pode ter surgido. Entre a hipótese mais provável, uma máxima continua sendo comum: Provavelmente a proximidade do ser humano com espécies silvestres e os impactos ambientais que essa proximidade causa, são as causas principais para evolução e surgimento de novos parasitas.

 

Tenho ouvido de muitos que precisamos, “salvar o planeta Terra”, esse raciocínio está errado. O planeta já existia antes do Homo sapiens e irá continuar existindo depois. Precisamos SALVAR NOSSA ESPÉCIE da destruição que nós mesmos temos causado. Outras pandemias estão a caminho, e precisamos, de uma vez por todas, entender o nosso lugar nesse planeta, pois é o único que temos. Viva DARWIN!

 

Ilton Soares é Biólogo, possui mestrado em Diversidade Biológica pela Universidade Federal do Amazonas (2008) e pós-graduação em Tipologia de Homicídios pelo Universidade Nacional de La Plata (2015). Atualmente está a disposição como presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas. Tem experiência na área de Meio Ambiente, Criminologia, Crimes Ambientais, Análise do Comportamento criminal com ênfase em Análise de Cena de Crime.

 

12 de Fev de 2021

Você é perito, e ainda não faz parte da associação? Não perca tempo.

ASSOCIE-SE JÁ!


Copyright © 2019 O Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Amazonas – SINPOEAM. Todo o conteúdo deste site é de uso exclusivo.
Proibida reprodução ou utilização a qualquer título, sob as penas da lei.